Inverno,
Madrugada fria,
A grama do campo coberta por gelo...
...e ele já está de pé
Veste pouca roupa
Bem surrada
Um chapéu velho de abas largas
Que escondem parte do seu rosto
Parece tão triste e solitário
Mas tem a companhia dos cães e pássaros
Inverno,
Meio dia,
A grama do campo está agora apenas úmida...
...e ele continua lá
Sempre de cabeça baixa
De poucas palavras
Na verdade apenas sons
Como os de um ranger de dentes
Está descalço,
Parece nem se importar
Acho que ele está esperando por alguém que não virá
Inverno,
Fim de tarde,
A grama do campo está castigada
Da geada e dos cascos dos cavalos que por ali pastavam...
...será que ele não vai pra casa
O céu começa a dar sinais de fúria
Nuvens negras trazem a noite mais cedo
E com ela as primeiras gotas
Até dá pra ouvir a sinfonia dos ventos
E ele ainda está lá
Com os braços abertos
O que me parece
É que ele está fazendo uma prece
Pra quem sabe alguém lhe ajudar
Seu nome é Espantalho,
Mas ele não é de pano, de feno e nem de galhos
Tem um coração
Vive no alto de uma colina
E hoje, já fazem três meses
Que todos os dias
Repetidas vezes
Ele segue a mesma rotina
Parece estaqueado na terra
E sem se mover ele espera
Que um dia o seu único filho,
Retorne vivo da guerra.
(Alex Cruz, de "O Grande Circo Sem Lona Dos Nossos Dias: para os doidos, malucos e loucos, para os românticos, para os felizes".)
E pensar que existem muitos espantalhos "sobrevivendo" por aí!!!
ResponderExcluirMeu filho querido de sensibilidade ímpar!!!
ResponderExcluirParabéns.