Sob o olhar de um palhaço

...

sábado, 25 de setembro de 2010

Se eu pudesse ser

Se eu pudesse ser eu seria
A estrela mais alta
A prosa, o verso
O canto e a poesia

Se eu pudesse ser eu seria
Um herói de brinquedo
Já mais teria medo
Seria o sol, a chuva, a noite e o dia

Se eu pudesse ser eu seria
O canto da cigarra
Uma frase de Chaplin
Seria Joana Darc

Se eu pudesse ser eu seria
Um beijo no escuro
A cura pra dor do mundo
Seria a chama da fantasia

Eu seria o tempo
Sem ter pressa de passar
Seria como o vento
Pra estar em todo o lugar







Se eu pudesse ser eu seria
Bolas de sabão
Um grande balão
Confetes e serpentinas

Se eu pudesse ser eu seria
O pensamento bom
A força, o foco e a fé
Seria toda a luz da magia


Se eu pudesse ser
Seria você
O brilho nos teus olhos
O manto pra te aquecer

Se eu pudesse ser

Ah!


Se eu pudesse ser!!!

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Outros Tempos

Eu vou falar a verdade
Só não sei o que vou dizer
A tempestade não veio
Mais eu acho que vai chover
Sou cavalo selvagem
Não faz assim, não tente me prender
Jogue uma pedra no mar
Só pra ver o quanto vai quicar

Vamos sair, pra caçar vaga-lumes
Eu te dei as estrelas e hoje a lua não veio
Acho que foi por ciúmes
E eu sempre acreditei que as nuvens eram realmente de algodão
Então deitava na grama, assoviava canções enquanto as folhas caiam no chão

Vamos fazer isso tudo baby
Eu quero ser criança
O tempo não devolve o que roubou
Mas nos restam as lembranças

Vou te levar em casa
E contar os passos da minha porta até a tua
E voltar pulando os traços das calçadas pelas ruas
Eu tinha medo de palhaços
E nunca vi nenhum chorando
A brincadeira escondida
Meninos armados, meninas descobrindo a vida
A inocência foi perdida e a fantasia deu lugar a hiper-atividade
Por onde andam os passeios
Sol a pino em um domingo a tarde
Dar pipoca aos pombos e esperar o carnaval chegar
Ler um livro, Ir ao cinema, ver o pôr do sol
Sentir o ar

Outros tempos
Outros ventos
Não somos mais os mesmos

Outros tempos
Outros ventos
Mais os mesmos


terça-feira, 21 de setembro de 2010

Doce Princesa

E se eu me sinto só, e não sei pra onde vou
Eu me entrego aos mistérios dessa princesa
Vou sair pra ver o pôr do sol em baixo das pontes
São Gonçalo, para douro de pescadores

Minha companhia, o meu chimarrão
Na Dom Pedro, pego a Andrade, até o calçadão
Vou sentar no Chafariz das Três Meninas,
E observar a beleza em tuas esquinas

Mais que gente apressada, que passa e nem repara
Espremido entre as fachadas, o bar A Gruta
Pego a Sete de Setembro, em direção ao Café Aquários
Na esquina com a XV, antiga rua dos canários

Hoje eu vou tocar no Sete ao Entardecer
E cantar a canção, que escrevi pra você
Cidade do doce, e do clássico Bra-Pel
Tua magia e riquezas, histórias de uma Baronesa

Uma roda de amigos, fogueira e um violão
A brisa fria da lagoa, um recital no Laranjal
E na volta pra casa, tirar fotos no castelo
Passear sobre os trilhos, lembranças de quando menino
Corria por aí, feito um índio, um Guarani
Brincava nas calçadas, de tropeiros em Charqueadas
E no 20 de Setembro, desfilar na avenida
Tua história se mistura, com parte de minha vida








Homenagem á cidade de Pelotas, de "O Grande Circo Sem Lona Dos Nossos Dias"/Alex Cruz

sábado, 18 de setembro de 2010

Circo Sem Lona

Pra que tanta pressa quando a prece é pouca?
Pra que tanto dinheiro quando o que se quer ele não compra?
Uma boneca velha com um coração humano
A piada clichê de um palhaço quando cai o pano

Filas pra comprar bijuterias em promoção
Enquanto o artista vende o seu artesanato no chão
Agora falta pouco pra sairmos atrasados
Pra comprar oxigênio das prateleiras de um supermercado

Quero a pureza e inocência de uma criança
O sorriso verdadeiro enquanto a bailarina dança
O aplauso sincero mesmo a um mágico fanfarrão
O suspiro preso quando o acrobata vai ao chão

Somos crianças
Com medo do escuro na cama
Marionetes
Em um grande circo sem lona

domingo, 12 de setembro de 2010

O Espantalho

Inverno,

Madrugada fria,

A grama do campo coberta por gelo...

...e ele já está de pé

Veste pouca roupa

Bem surrada

Um chapéu velho de abas largas

Que escondem parte do seu rosto

Parece tão triste e solitário

Mas tem a companhia dos cães e pássaros



Inverno,

Meio dia,

A grama do campo está agora apenas úmida...

...e ele continua lá

Sempre de cabeça baixa

De poucas palavras

Na verdade apenas sons

Como os de um ranger de dentes

Está descalço,

Parece nem se importar

Acho que ele está esperando por alguém que não virá



Inverno,

Fim de tarde,

A grama do campo está castigada

Da geada e dos cascos dos cavalos que por ali pastavam...

...será que ele não vai pra casa

O céu começa a dar sinais de fúria

Nuvens negras trazem a noite mais cedo

E com ela as primeiras gotas

Até dá pra ouvir a sinfonia dos ventos

E ele ainda está lá



Com os braços abertos

O que me parece

É que ele está fazendo uma prece

Pra quem sabe alguém lhe ajudar

Seu nome é Espantalho,

Mas ele não é de pano, de feno e nem de galhos

Tem um coração



Vive no alto de uma colina

E hoje, já fazem três meses

Que todos os dias

Repetidas vezes

Ele segue a mesma rotina

Parece estaqueado na terra

E sem se mover ele espera

Que um dia o seu único filho,

Retorne vivo da guerra.










(Alex Cruz, de "O Grande Circo Sem Lona Dos Nossos Dias: para os doidos, malucos e loucos, para os românticos, para os felizes".)

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

AbRaKaDaBrA

Somos eternas crianças, que com o tempo se esquecem de como era bom.

Ah!...tempo...

Se eu pudesse voltar!!!

Voltar?...não podemos, lembrar é bem mais fácil, ou pelo menos tentar não esquecer. Mas o bom mesmo seria, se tivéssemos um pó de pir lim pim pim, ou palavras mágicas como um ABRAkADABRA, pra trazer de volta pessoas que amamos e momentos que gostaríamos fossem eternos.

Viver em um mundo de fantasia ainda é possível, basta lembrarmos.

Como aquele antigo amigo imaginário que deixamos esquecido e acabou se perdendo com o tempo, ou pela nossa falta de tempo... afinal, agora temos tantas outras coisas.

Esquecemos de sorrir de verdade, dar gargalhadas, dizer um EU TE AMO a um amigo, falar através de um simples olhar, deitar junto na grama, ver borboletas multicoloridas como enormes pandorgas que no céu ficam tão pequeninas... mas não temos tempo, e se o temos nos preocupamos...como???... que ridículo!!!... o que vão pensar a meu respeito???

Por isso vou aproveitar cada grão de areia da ampulheta do tempo, sentir cada toque do vento, cada troca de olhar, vou dizer: TE AMO, quando me der vontade e sem sentir medo, criar o meu mundo onde eu possa ser quem eu quiser, escolher meus amigos, cortar os laços que me fazem sentir um grande marionete, libertar-me do ventríloquo que teima em não me deixar expressar o que sinto realmente.

Veja a sua volta, quantas pessoas vivem escondidas dentro delas mesmas, presas, e nem se quer percebemos muitas vezes o que está acontecendo, e tudo por medo?

O mundo está cheio de palhaços de cara limpa, e aqui do lado de fora, o palhaço do circo chora, a bailarina estuda história e trabalha pra comprar suas sapatilhas, o acrobata salta,torce, contorce, vira, se vira, pra pagar suas contas no fim do mês.

E a magia?

Onde está a vontade real de se fazer o que gosta pelo simples prazer, sem o algo em troca?

Por onde anda a fantasia?

Eu sei... e vou te dizer...

...está aí...

...sempre esteve,

Só nos esquecemos com o tempo, ou pela nossa falta de tempo.

Ainda existe uma criança aí dentro, e você sabe disso, deixe que a fada dos sonhos a desperte, e que a partir de agora, pelo menos hoje, você volte, você lembre.

Quando alguém faz algo diferente tem sempre outro que logo diz:

- Esse é doido, maluco, louco !!!

Se for assim, eu estou do outro lado...



...do lado dos doidos, malucos e loucos,

Mais felizes